Comunidade Rural realizou a 3ª edição da Expo Maracaju

O último domingo (28), foi marcado por mais uma edição da 3ª Expomaracaju e 62º Festa em Louvor e Nossa Senhora do Caravaggio, organiada e realizada pelos moradores da Comunidade Rural Maracaju dos Gaúchos.
Milhares de pessoas estiveram na localidade apreciando as atrações do evento. Essa tradicional festa iniciou Há 62 anos, recentemente, mas precisamente há 3 anos, a comunidade inovou a festa e criou a EXPOMARACAJU, um espaço para exposições e negócios. A ideia deu muito certo e em 2023 reuniu 33 expositores. Nem a previsão de chuva atrapalhou o sucesso da festa.
O domingo nublado iniciou com a abertura da exposição. Às 10hs, uma pequena procissão pelas ruas entorno á capela da comunidade, trouxe a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio pelas mãos de moradores sob cânticos, chuvas de pétalas de rosas e anunciaram a missa em louvor a santa. Enquanto isso no salão os afazeres para o tradicional almoço com churrasco, maionese, farofa, arroz e saladas estavam acelerados. O almoço foi um sucesso, além das centenas de pessoas que ali almoçaram, muitos compraram o churrasco e levaram para suas casas. Foram mais de mil kilos de carnes vendidos.
A tarde a banda Fokus colocou todo mundo para dançar, o mate baile reuniu muitas pessoas do começo ao fim. Ao final, o salão ainda lotado ecoava o pedido de Bis.
Fernando Groff, Presidente da ExpoMaracaju, produtor e morador da comunidade, destaca que: “Esta é uma das festas mais tradicionais de Guaíra e me sinto honrado em fazer parte de mais uma edição que foi um verdadeiro sucesso. Enquanto estivermos aqui, trabalharemos para essa tradição crescer cada ano mais. Esse é um evento que reflete a união de toda nossa comunidade, aqui todos doam, tempo, dinheiro, produtos, mão de obra para o sucesso seja o resultado. Agradecemos a todos que trabalharam, antes, durante e depois. Também, um agradecimento especial aos expositores que dão um brilho expressivo, que agregam ainda mais valor a festa. É claro, agradecemos as, milhares de pessoas que passaram por aqui. Muito obrigado, digo em nome da nossa comunidade, com o coração repleto de gratidão”.
O Município de Guaíra apoiou a realização desta terceira edição por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Emprego, bem como pela Secretaria de Agropecuária, Infraestrutura e Meio Ambiente que realizou ações de limpeza e adequações das vias.
Curiosidade.
A comunidade Maracaju dos Gaúchos foi colonizada por agricultores vindos do sul do brasil. É uma das comunidades mais ativas em Guaíra que trabalha unida para manter suas tradições. Durante o ano a comunidade realiza duas grandes festas, uma em maio e outra em dezembro. A de maio é em louvor a nossa Senhora do Caravaggio e a de dezembro, a Nossa Senhora de Medianeira de todas as Graças. Ambas as imagens das santas foram trazidas por famílias pioneiras. Nossa Senhora de todas as Graças fora trazida por Laura Vanin, também na década de 60.
Nossa Senhora do Caravaggio é uma das mais devotadas Santas de Guaíra e tem sua imagem guardada na comunidade rural de Maracaju dos Gaúchos. A imagem foi trazida num pau de arara com animais e pessoas há seis décadas.
Desembarcou em Guaíra por intermédio da família Rosset, mais precisamente sr. Ângelo Rosset, já falecido, que veio da cidade de Farroupilha – RS para Guaíra com sua esposa e seus onze filhos num pau de arara com animais há seis décadas. Segundo informações da filha de seu Ângelo, Dona Terezinha Rosset, essa imagem veio da Itália, por mãos de sua avó Ester, imigrante. E desde sempre, a família e demais descendentes de italianos celebram a santa, com uma festa no final do mês de maio em alusão ao dia de nossa Senhora do Caravaggio, 26 de maio.
História
Caravaggio está localizada entre Veneza e Milão, na Itália. Em 1431 foi dominada pelos venezianos, ocorreram divisões políticas e religiosas, ataques de bandidos e muitas heresias. Em 26 de maio de 1432, às 17h da segunda-feira, nesse cenário desolador, ocorreu a aparição de Nossa Senhora a uma camponesa de nome Joaneta. Maltratada e humilhada pelo marido, Francisco Varoli, Joaneta colhia pasto em um prado próximo. Entre lágrimas e orações, ela avistou uma senhora, como uma rainha e cheia de bondade. É Nossa Senhora que apareceu à vidente Joaneta. Sua mensagem: "Tenho conseguido afastar do povo cristão os merecidos e iminentes castigos da Divina Justiça e venho anunciar a Paz". Pediu também que o povo voltasse a fazer penitência, jejuar nas sextas-feiras e orar na igreja, no sábado à tarde, em agradecimento pelos castigos afastados, e que lhe fosse erguida uma capela. Assim, foi denominada Nossa Senhora de Caravaggio. Ao lado de onde estavam seus pés, brotou uma fonte de água, existente até os dias de hoje, onde muitos doentes recuperam a saúde. Joaneta, como verdadeira missionária, levou ao povo e aos governantes a mensagem de Maria. Em suas visitas, levava ânforas com água da fonte sagrada, que resultava em curas extraordinárias, prova da veracidade da aparição. A paz foi restabelecida na pátria e na Igreja. Uma resistência, porém, tornou-se famosa: é a história de Graziano, que certo dia chegou à margem da fonte milagrosa e permaneceu incrédulo. Pegou um galho seco e desfolhado, atirou na água e disse: "Se é verdade que Nossa Senhora pisou esta terra, enverdeça este ramo". Conta-se que quando o bastão seco tocou a água, verdejou-se, brotaram galho, cobriu-se de folhas e desabrocharam flores. Recordando esse sinal, é costume representar a aparição de Caravaggio com um ramo florido entre a Virgem Maria e a vidente Joaneta.
A devoção trazida para o Brasil
Os imigrantes italianos eram pessoas de fé. Em 1879, em Caravaggio/Farroupilha/RS, Antônio Franceschet e Pasqual Pasa construíram um oratório, um capitel de doze metros quadrados, com alpendre na entrada, localizado em frente ao atual cemitério de Caravaggio. A notícia se espalhou rapidamente e a obra ganhou doações em dinheiro e mão de obra, transformando o oratório em capela, que comportava cerca de cem pessoas. A escolha do padroeiro gerou certo conflito entre os moradores, mas a princípio foi escolhido o título de Nossa Senhora de Loreto. Como não havia uma imagem da santa, Natal Faoro ofereceu como empréstimo um pequeno quadro com a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, trazido da Itália. Foi posto sobre um altarzinho, cuja inauguração ocorreu em 1879, ano I do início da devoção a Nossa Senhora de Caravaggio no Brasil e ano primeiro das romarias concorridas e numerosas. A estátua de Nossa Senhora de Caravaggio, localizada no altar do Santuário, foi feita pelo artista plástico conhecido como Stangherlin, em Caxias do Sul/RS, em 1885. O modelo da obra foi o quadro, em preto-e-branco, datado de 1724. A estátua foi trazida a pé, de Caxias do Sul a Caravaggio. Em 1890 um templo de alvenaria foi inaugurado e, em 26 de maio de 1921, foi elevado à categoria de "Santuário". Hoje é conhecido como "Santuário antigo". Em 1959, Nossa Senhora de Caravaggio foi declarada pela Santa Sé padroeira da Diocese de Caxias do Sul. A construção do atual Santuário de Caravaggio durou dezoito anos (1945-1963). Imponente, em estilo romano e com capacidade para acolher duas mil pessoas, hoje revela-se pequeno diante da quantidade de devotos que acorrem a Nossa Senhora de Caravaggio.