Município de Guaíra articula avanços para o tão aguardado Hospital Regional

O Município de Guaíra vive um momento decisivo para o futuro da saúde pública regional. Em uma das articulações mais importantes dos últimos anos, a Administração Municipal intensifica as tratativas para a consolidação do Hospital Regional de Guaíra, um sonho coletivo e uma necessidade histórica da população local.
A trajetória que levou Guaíra até esse ponto é marcada por desafios. Houve um tempo em que a cidade chegou a contar com três hospitais em funcionamento. No entanto, com o passar dos anos, essas unidades encerraram suas atividades, e deixaram a população vulnerável, sem pronto-atendimento hospitalar, com número reduzido de USFs e nem sequer uma UPA ativa. Foi um período crítico, no qual nem mesmo partos normais e sem complicações podiam ser realizados no município.
Em 2016, diante desse cenário preocupante, uma iniciativa estratégica marcou o início da virada. O então prefeito Fabian Vendruscolo idealizou e entregou, em tempo recorde, o Hospital Assiste Guaíra , uma unidade viabilizada em parceria com uma entidade assistencial, modelo que permite o recebimento de recursos públicos e privados. Na mesma linha de fortalecimento da rede básica, Guaíra ampliou sua cobertura com a construção de novas USFs, como as do Jardim Futura e Parque Hortência, além das reformas nas unidades da Vila Alta e Santa Paula e a construção da Unidade da Vila Velha e do Jardim São Paulo, em andamento. Também foi entregue a UPA, que restabeleceu a retaguarda emergencial da cidade.
Com essas ações estruturantes, o Município ganhou fôlego para lutar por um projeto maior: o Hospital Regional. A obra, planejada para atender não só Guaíra, mas toda a região de fronteira, tem tratativas firmadas com esferas estaduais, federais e em conversa com a Itaipu Binacional. O terreno para sua construção foi doado pela família Possan, e o entorno já recebe obras de infraestrutura urbana, em preparação para a futura edificação.
Na última semana, o prefeito Gileade Osti e o procurador jurídico João Fernando Grecillo estiveram em Curitiba em reuniões com o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, e com a equipe técnica responsável por projetos hospitalares da SESA. Na pauta, os detalhes estruturais: área total, número de leitos, UTIs, maternidade e serviços especializados. Guaíra solicitou um prazo até a próxima segunda-feira para ajustar o projeto junto à comunidade médica local.
O retorno à cidade foi marcado por uma reunião estratégica, realizada nesta quinta-feira (10), na sala de reuniões do Paço Municipal. O encontro contou com a presença de médicos da rede pública e privada, Dr. Henrique Triches, Dr. João Pena e Dona Idelma Triches, dr João Vitor, membros da Secretaria Municipal de Saúde, o secretário municiipal de saúde, Fabiano Raddatz, o Diretor de Saúde, Francisco Amaral Fontes, A coordenadora de Atenção Primária Tatiana Rosseto, os profissionais responsáveis pelo projeto arquitetônico, o engenheiro civil Alex e a arquiteta Fernanda Bialeski e o diretor da 20ª da Regional de Saúde, o Dr. Fernando Pedrotti, que participou via videoconferência.
Durante a reunião, foram debatidas as reais necessidades de Guaíra e da região, bem como os desafios de viabilizar não apenas a construção, mas a gestão sustentável do hospital. O Dr. Fernando foi enfático: “Construir é o menor dos problemas. O desafio está na manutenção. A história de Guaíra, em que crianças nasciam a caminho de Toledo, precisa ficar no passado. Maternidade completa é uma necessidade inegociável.”
Foi consenso entre os participantes que, além da estrutura física, o hospital deve nascer com uma visão de futuro, voltada à qualidade e resolutividade. Serão projetados espaços para leitos clínicos, UTIs adulto e neonatal e um centro de hemodiálise, um serviço fundamental, devido Guaíra possuir atualmente 16 pacientes em hemodiálise e que se deslocam diariamente por longas distâncias. Também foi destacada a importância de nichos de especialidades como nefrologia, obstetrícia e pediatria, e o potencial de Guaíra para firmar parcerias com universidades, como a Unipar e a Universidade Federal do Paraná, para a formação de residentes em diversas áreas médicas.
O prefeito Gileade defendeu o modelo de gestão por entidade assistencial sem fins lucrativos, o mesmo utilizado com êxito no Hospital Assiste Guaíra. “Esse formato permite ampliar o atendimento para o SUS e também para convênios, garantindo viabilidade econômica e qualidade nos serviços.”
Outro ponto discutido foi o critério de avaliação do projeto: a regionalização da saúde. A proximidade com o Mato Grosso do Sul e o Paraguai amplia a demanda e exige uma análise que vai além do número de habitantes de Guaíra. A UTI mais próxima, no lado sul-mato-grossense, fica a mais de 300 km de distância; no Paraguai, chega a 500 km.
Foi deliberado que a equipe local fará um levantamento de dados sobre internações, remoções e regulações, que envolve toda a microrregião e parte do eixo trinacional. Esses dados serão fundamentais para balizar a projeção do porte do hospital e fundamentar a solicitação de habilitação dos serviços junto ao Ministério da Saúde, etapa necessária para o financiamento federal da operação, após a obra estar concluída.
Com a sinalização firme do governador Ratinho Junior, que garantiu publicamente que Guaíra “terá o hospital que merece” e com previsão de investimento estimado entre R$ 60 a R$ 80 milhões, o Hospital Regional começa a sair do papel. O projeto inicial aponta para uma estrutura de até 8 mil metros quadrados e cerca de 100 leitos.
O Município de Guaíra reafirma seu compromisso com a saúde pública regional e segue mobilizado, na busca de garantir que cada passo do projeto do Hospital Regional seja dado com responsabilidade, escuta técnica e foco em um futuro mais digno para todos.