Fé, Tradição e Empreendedorismo Marcam a 5ª Expo Maracaju e a 65ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Caravaggio e Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças

O Município de Guaíra participou, neste domingo, 25 de maio, de uma das mais importantes celebrações do calendário religioso e cultural da cidade: a 5ª Expo Maracaju e a 65ª Festa em Louvor a Nossa Senhora do Caravaggio e Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças. Realizado na comunidade do Maracaju dos Gaúchos, o evento reuniu autoridades municipais, moradores, voluntários, pioneiros e mais de 30 expositores, que celebraram a fé, a tradição e o empreendedorismo, pilares que sustentam esta festividade há mais de seis décadas.
A programação iniciou com a solene abertura oficial, marcada por pronunciamentos e homenagens. Em nome da diretoria da comunidade, foi realizado um agradecimento especial a todos os presentes, autoridades, moradores, voluntários, membros da diretoria, expositores, convidados e pioneiros que ajudam a manter viva essa tradição.
“Realizar um evento não é fácil, imaginem então um evento deste porte. Mas a união dos membros desta comunidade faz da Expo Maracaju um evento com selo de qualidade, que cresce a cada ano e mantém acesa a chama da fé e da história do nosso povo”, destacou a diretoria durante a abertura.
História de Fé e Tradição: O Legado Mariano que Construiu a Comunidade de Maracaju dos Gaúchos
Em um cenário de terra vermelha e esperanças férteis, a devoção mariana fincou raízes profundas na comunidade rural de Maracaju dos Gaúchos, no interior de Guaíra. A história, que atravessa gerações, começa em 1957 com a chegada da família Giacomin, vinda do sul do país. Em sua bagagem, trouxeram mais do que pertences: carregavam fé e a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio, que foi entronizada na capelinha da comunidade, uma estrutura que, mesmo reformada, resiste até hoje como testemunha do tempo.
O destino, no entanto, impôs um revés. A imagem original foi acidentalmente danificada e abriu caminho para um novo capítulo de devoção. Em 1958, Dona Laura Fontanari Vanin, figura respeitada e até hoje residente em Guaíra, recebeu de presente uma nova imagem: Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças. O presente veio pelas mãos de Waldemir Emo Fleck, sócio da empresa colonizadora do Maracaju dos Gaúchos. A entrega da imagem não foi apenas simbólica, foi um marco.
Dona Laura transportou a santa em seu colo, em uma longa viagem até Guaíra, onde estabeleceu residência e deu continuidade ao legado de fé iniciado por sua família. Por um breve período, a imagem foi guardada em um hotel da cidade, até que, em 1959, ganhou morada definitiva: uma capela de madeira erguida especialmente para abrigá-la, a mesma capela que hoje acolhe os fiéis da comunidade.
No ano seguinte, em 1960, outra família se juntou à narrativa religiosa do lugar. Vinda de Farroupilha no Rio Grande do Sul em um “pau de arara” repleto de animais e sonhos, a família de Angelo Rosset trouxe consigo outra imagem de Nossa Senhora de Caravaggio. Esta, de valor incalculável, atravessou oceanos: havia sido trazida da Itália por Ester, mãe de Angelo, uma imigrante que cultivava a fé com raízes profundas.
Assim, o culto à Virgem de Caravaggio, iniciado pelos Giacomin, reafirmado pelos Rosset e enraizado pela matriarca dos Vanin, Dona Laura, transformou-se no elo invisível que uniu diferentes trajetórias em torno de um mesmo altar. Hoje, a capela do Maracaju dos Gaúchos não é apenas um símbolo religioso: é o coração pulsante de uma comunidade construída com fé, trabalho e tradição. Entre missas, celebrações e romarias, a presença de Nossa Senhora permanece viva — guardiã silenciosa da história de um povo que nunca deixou de acreditar.